segunda-feira, 6 de abril de 2009

Sarney esperava gratidão...decepcionou-se.



Deu no blog do Noblat:

Sarney escreve carta dura a Rezek.
Não convidem para a mesma mesa o senador José Sarney (PMDB-AP) e o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Francisco Rezek.

Leiam, primeiro, o que publicou, ontem, o jornal O Estado de S. Paulo. E em seguida, a resposta de Rezek passada para este blog.

* Sarney cobra Rezek, por apoiar Lago

"Além de perder sucessivas batalhas jurídicas contra a cassação do mandato do governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), por abuso de poder político e econômico, o advogado e ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Francisco Rezek perdeu o padrinho e, pior, ainda levou um pito. Não bastasse o rompimento, Rezek teve de amargar uma reprimenda por escrito do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), em razão da forma como conduziu a defesa do governador contra sua filha e senadora Roseana (PMDB-MA).

Na tentativa de salvar Lago, Rezek atacou não só a segunda colocada na corrida estadual e autora da denúncia, Roseana, como toda a família Sarney, que, a seu ver, se movimentava para retomar o poder que deteve por 40 anos no Maranhão. A reação, em forma de carta-protesto assinada pelo chefe do clã, chegou a Rezek pelo correio, logo em seguida ao primeiro julgamento de Lago no TSE, em dezembro passado.

"Jackson Lago não tem poder econômico, não tem feudo, não tem concessões de rádio, de televisão", afirmara Rezek em defesa de seu cliente, provocando a ira de Sarney. Em resposta à acusação de "tentativa de golpe de Estado pela via judiciária", Sarney fez questão de registrar que não aceitava "tamanho insulto" daquele que lhe devia a nomeação para o Supremo, aos 39 anos, em 1983.

Na condição de todo-poderoso presidente do PDS, partido do governo, Sarney teve cacife para atender ao pedido do amigo Bilac Pinto, ex-deputado da UDN e ex-presidente da Câmara que havia participado ativamente da estruturação do regime militar. Bilac também fora ministro do Supremo até 1978, nomeado pelo então presidente Garrastazu Médici. Queria que Rezek, marido de sua sobrinha Mireya, seguisse trajetória semelhante.

Reavivada a lembrança do apelo de Bilac, o senador foi duro. Confessou-se surpreso e indignado com os ataques aos Sarney. A família não aceitou o fato de Rezek t er criticado o que chamou de "tentativa de reverter o resultado da vontade popular", nem tampouco a atuação de seu parceiro na defesa de Lago. O advogado José Eduardo Alckmin relacionou até a situação de pobreza do povo maranhense como um "quadro que se verifica após 40 anos ininterruptos de domínio do grupo político da família Sarney".

Tudo isso, depois de Rezek ter levantado suspeitas sobre o andamento do processo, alegando que o vice-procurador-geral eleitoral emitira o parecer pró-cassação "em tempo admiravelmente exíguo à vista do volume do feito". Foi a gota d''água para Sarney."

* Rezek responde

"Recebi no início de fevereiro uma carta de José Sarney, inconformado por haver eu aceito a defesa do mandato popular do Governador Jackson Lago contra o que me pareceu uma tentativa de golpe de estado pela via judiciária.

José Sarney, tanto quanto eu saiba, é um estadista e um membro da Academia Brasileira de Letras. As nove páginas que recebi não pareciam ter sido escritas por um estadista ou por um membro da Academia. Considerei por isso o papel como apócrifo, e não me manifestei sobre ele.

Agora a matéria do Estadão expõe algo que supera de longe a insolência da carta: por um lado insinua que minhas relações com Bilac Pinto, notórias desde sempre, tinham algo a ver com um parentesco entre aquele notável homem de Estado e minha ex-mulher, Myreia de Castro Cardoso, o que é perfeita fantasia.

Por outro lado o oligarca em questão é apontado como um "padrinho" a quem eu teria sido ingrato ao aceitar a causa do Governador Jackson Lago. Neste ponto o delírio - não sei exatamente de quem - supera todos os limites. Para nosso geral reconforto, a história do Supremo Tribunal Federal registra com grande acuidade as premissas de cada nomeação ocorrida, pelo menos nos últimos cinquenta anos.

Todos sabem a quem devo minha indicação precoce a uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, e não há nesse contexto nada de semelhante a José Sarney."


(Comentário do Noblat): Rezek deve sua primeira nomeação para ministro do STF ao ex-presidente João Figueiredo. Depois foi ministro das Relações Exteriores do presidente Fernando Collor e em seguida novamente ministro do STF por indicação de Collor.)

Confesso que a brilhante explanação de Resek, no julgamento de Jackson Lago, no TSE me deixou impressionado. Seguro, firme confiante e sabedor do que estava falando e de quem estava defendendo. Ele realmente sabe o caminho das pedras. Em conversas com colegas todas as opiniões eram unanimes como ele havia conduzido bem a defesa, nada de emocional ou irracional.
Agora, quanto a queixa do Presidente do Congresso Nacional,em relação aos favores devidos pelo ex-ministro à sua pessoa, acho que pega mal uma cobrança via imprensa, isso só serve para mostrar o quanto algumas pessoas ainda pensam que o mundo vai sempre ser direcionado com os lemas: "é dando que se recebe" ou "toma lá da cá", Jesus, nos mandou fazer o bem sem olhar a quem, e ainda não esperar nada em troca das pessoas que ajudamos, nisso eu acredito para sempre.
Quando se age assim, aprende a não se decepcionar com as pessoas, ou pelo menos não cobrá-los publicamente como forma de intimidar, envergonhar ou criar constragimento público...ou sabe-se lá com qual pretexto temos tal atitude. Não pretendi aqui me referir aos méritos do processo de cassação de Jackson Lago, mas a cobrança de um favor devido, ou supostamente devido.

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